quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sinceramente, há dias em que parece que o Universo nos ama. Nessas alturas em que pensamos que estamos mal mas os pequenos sinais que o mundo nos dá nos dizem "acredita". Esses tantos sinais, encadeados de maneira ilógica e incoincidente, todos a dizer "acredita". E o nosso sorriso, que pensavamos estar tão distante já, diz ao espelho "acredita". E então parece que a felicidade cá dentro quer explodir. Porque acreditamos. E sabemos que dentro de nós está algo para dar, para partilhar, somos alguém neste mundo louco e, por vezes, desfigurado. "Acredita". "Acredita"...E somos maiores que a vida. Queremos engolir o mundo todo, queremos compreendê-lo, queremos voá-lo, sonhá-lo, queremos correr...Correr para o infinito que não conhecemos. Correr para o horizonte longínquo e familiar, companheiro de tantos fins-de-tarde sonhadores...Cor-de-rosa...Roxo...Azul a esmorecer. O Sol, não a fugir, mas a correr. O sol e a lua que nos sorriem, conhecedores. Tantos dias a pensar que este só dia chegaria. Tantos fins-de-tarde para chegar aqui. O mesmo sol e a mesma lua. E o mesmo dentro de ti. "Acredita". E acreditaste. E por isso mereceste os sinais. Se a felicidade é isto, então tu és feliz. "Acredita" naquilo que o mundo te diz.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Aquilo que eu sei

Cresci. E aquilo que eu sei é aquilo que eu sou. Avancei no tempo e não me perdi. Por vezes recolhi as asas mas não as despi, e voei quando quis. E ainda acredito naquilo que me dizem as vozes. Distantes, errantes, por vezes importantes para mim. Elas dizem-me para subir acima da minha própria vontade. Elas dizem-me "tu podes" e às vezes sei que é verdade. É aquilo que eu sei. Aquilo que eu faço nos momentos que passo comigo. Quando olho para dentro da minha consciência eu vejo os meus desejos, os meus medos, as minhas sombras e o meu encanto. Por muito que eu diga que não, que eu pense que não, que às vezes insista em procurar um chão...Aquilo que eu sei é aquilo que eu sou. Eu sei. Por isso não desisto de mim.

sábado, 20 de setembro de 2008

Chuva

Às vezes é difícil aceitar que não temos palavras que possam mudar o mundo. Mas há dias assim. Dias em que o deserto em que nos tornámos nos seca por dentro, dias em que a sombra pesada desses dias em que não somos ninguém nos esmaga em vez de nos abrigar. E nesses dias sofremos. Mas o que é, afinal, o sofrimento de não ser? É apenas a saudade que fica de já ter sido, de já termos tido, de já termos dado...O que fica de nós é o tempo que damos. E o tempo foge. Não sobra nada...Perseguimo-nos ainda, pensando que voltaremos ao que fomos, mas não somos, já não somos, e o que éramos já se perdeu. Deixei-me de nostalgias. Se aceitar que em mim já não há nada, talvez arranje lugar para que alguma coisa nova possa crescer. É assim. Às vezes é difícil aceitar que não temos palavras que possam mudar o mundo. Nesses dias, sentamo-nos à janela e vemos a chuva cair. A chuva lava e purifica. Por dentro eu não sou nada. Sou portanto uma nova folha de papel em que posso escrever. Já não sou o tempo que já não tenho. Por dentro, renasço. Deixo-me de nostalgias. Não posso mudar o mundo mas posso mudar-me a mim.