segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sometimes I wish I could be like you.
I wish I could turn all the thorns in my life into a beautiful song.
I wish I could build fairy tale Worlds inside a sheet
And I try...And sometimes I can.

But I forget.
And losing memory is all that I´m afraid of.
I forget who I once wished to be.
I once believed I could be...

When I make a plan for my life
It all blurs...
There´s nothing straight...
There´s nothing sure...

"Just write me another song"
A lullaby so I can sleep through sleepless nights
A song so deep that makes me cry...
A song that can show me who I am...

Let these hands make it real
Holding a pen that makes it all forever
Imortal...Like nothing else...
I will follow...I will follow the song in my heart...

And when the first fresh ink touches the paper,
the World is created...My world gets touched by a new light...
Unaware of wars and sadness around, just wanting to find a place to rest upon...

Look, there...
The eyes are staring but they don´t really care
of who we are, or who we´ll grow to be...
They don´t know you, just Me...

And all I see is this song...
Bearing so much more than I can see...
So much more than these few words coming out of me...
All I see is all that lies behind...

Unbroken...Safe...still unsure
What comes ahead is not yet known.
The song won´t tell you more than this...
All you are now, all you´ll ever be

Forever longing for more
But still free...untouched by the destiny...
There´s not such thing as fate...
You are your own weight in your choices

You are your one road
Lonely, sometimes, full of joy,
crying, staring, caring if someone´s not there
...

Your shelter and this song
Is all you´ll take with you
Follow the road and you woný get lost
Anymore...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

And sometimes I get lost
And I can´t remember who I am
I forget the songs in my heart
I forget them and it tears me apart

Because when I listen to them again
I remember who I am

And why did I ever forget?
Why did I lose the flowers that,
so preciously, I kept all these years?

No. No.

You are still here, inside of me...
Not only music...my music...
And everything I can do...

What a wonderful heart you have
I do sometimes forget...

You are still that child...
The teenager lost in her fears
Affraid to love and wanting to run away...

I still feel you there
Like a heart, beating...
You are me...I will never forget you...

I´m sorry if I do sometimes try...

But I love you...even if I changed...
I still love you...Even when I try to forget...

´Cause inside your heart
is the girl I long to be...

I miss you in some ways...

I´ve grown up. I´ve changed. But I miss your heart
Telling me all I´m able to do...Everything I can do

Believing...Please follow me...Don´t let me walk alone...
Don´t...´Cause I miss you when I´m alone...

It feels like losing my soul...

Give me your smile...your ever believing smile...
Tell me I´ll make it even when the sky is grey...

But then again you say
Don´t be affraid
Everything will be ok

And I´m you again...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Jewel...Sem dúvida a minha cantora favorita e uma inspiração.
E o bem que me faz ouvir as minhas músicas preferidas...O que seria da vida sem música?...Ainda tenho tanto para fazer...Tory Amos, "Jamaica Inn"

Girl in the mirror


Girl in the mirror
Don´t look so down
Though silence is all you need right now
you know
Music has already healed your soul

You´re alone
Guess what
That´s you
How you´ve always been
By yourself
Counting on nobody else

It´s easier to achieve
what you´ve been searching for

Don´t look for troubles
Or heartaches
You always knew that you would be
The only one to love you
No matter what...

Sometimes, you know,
it all seems confusing

And you know that
Cause that´s the time when you need
To write...

Always so busy caring
Always so busy believing
In everyone but you...

Please...let me know when you´re tired
Let me know, cause I´ll help

You never really know the future
You are never really prepared to live it

Please don´t be afraid...

Don´t be afraid...

Everyone else may fail
But you´ll be there

Girl in the mirror
Don´t look so down

You know I´ll always be around...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

E depois de um dia mau vêm sempre muitos outros infinitamente melhores:)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Rainy Days and Mondays always get me down" Carpenters


É um daqueles dias que nos põe a pensar: os dias tristes fazem-nos acreditar que a esperança que pensávamos guardar em nós já não pode existir. Acho que tem a ver com o facto de ser um dia de chuva e de, ainda por cima, ser Segunda-Feira...Não descobri a pólvora. Apenas descobri que a minha banda sonora para o dia de hoje seria, indubitavelmente, "Rainy Days and Mondays" dos Carpenters. Passado o choque inicial, depois de me ter lamentado um pouco e de ter pensado que, afinal, não há futuro possível no meio desta confusão, voltei à minha faceta optimista e à certeza de que, aconteça o que acontecer na minha vida, sou eu a responsável por isso. E, sendo assim, parece-me que ainda tenho uma palavra a dizer na construção do meu futuro. E afinal até sou feliz com o que tenho. E o que vier será porque trabalhei para isso. E o importante é que tudo aquilo que construirmos será nosso um dia...É verdade que os dias cinzentos nunca deixarão de existir...Mas se deixassem, perder-se-ia a beleza de olhar a janela e ver a chuva a cair lá fora...Tudo tem uma razão...A mim os dias cinzentos dão-me a certeza de que um dia o sol vai brilhar e nesse dia vai ser também por nós...

sábado, 29 de agosto de 2009

Quem?

O que é que nos define? O que é que faz de nós o que somos?

Será a música que a nossa mãe ouvia durante a nossa infância? Ou o nosso pai que sonhava ser jogador de futebol? Mal começamos a ouvir, mesmo antes de nascer, reagimos a vozes e a sensações...Damos pontapés para expressar a nossa opinião...Depois, enquanto fazemos os deveres da escola ouvimos Sérgio Godinho, Mafalda Veiga ou Mário Mata...Preferíamos estar a ouvir o balão mágico...Mal sabemos...Quando crescermos vamos ser alguém assim, como a mãe que canta enquanto faz as tarefas domésticas...

E de repente somos grandes. E o mundo é mais pequeno do que pensávamos e achamos que o podemos conhecer todo. A maior parte das vezes não nos recordamos das pérolas da infância, daquilo que fez de nós aquilo que hoje somos...

Até que...

Esta música soa na nossa cabeça...

                       "as asas abrem chagas

                       no acinzar do entardecer
                       e amansam a agonia
                        do dia a escurecer"

Já nem nos lembrávamos disto...Dá vontade de chorar, por ser tão familiar...Na altura não percebia. Sorvia sem me aperceber a sabedoria dos trovadores...

E hoje, todos estes anos depois, gostaria de poder ficar na memória de alguém...Para um dia ser lembrada assim...

E aí é que eu penso...

Todos os dias quando ouço estas músicas me lembro da minha mãe...:)

Não importa se somos o mensageiro ou o intermediário. Mas podemos fazer parte da vida das outras pessoas. E isso é o mais importante.

sábado, 18 de julho de 2009

Dancing like nobody´s watching


Step one
I begin to get confident
Feet on the ground,
Out on the town,
wherever I may be
I´m there
Just because of me
´Cause I´m a stranger
To everyone else
But I´m feeling alright
Oh so right...
Everyday, a new day
I´m dancing like nobody´s watching
Cause I only need myself
And what I see
Through these eyes
Always observing,
watching me, wanting to be more
But now I made peace with myself
I´m nobody else
I´m going to live like this is my last day

I´m gonna laugh
And say I´ll be o.k.

See you tomorrow...

domingo, 12 de julho de 2009

Não te vais perder


O caminho pode não ser perfeito, nunca é. Não sei se se trata das pedras nos caminho que nos magoam os pés, ou se é porque a estrada é escura e não conseguimos ver. Só sei que às vezes o caminho parece interminável. E por muito que nos esforcemos por continuar, ele parece disposto a pregar-nos umas quantas partidas...E nós, habituados que estamos a este caminho, vamos, com dificuldade, mas continuamos a caminhar. Porque o importante é a meta. E por mais árduo que seja o caminho, é lá que queremos chegar. E lá chegaremos.

Vou por onde quero
À partida sei que hei-de chegar
E a viagem, que era longa,
Deixa-se estar

Porque ando sem parar
E as pernas nem sempre querem
Mas eu sei
Vou continuar

Levo sempre comigo
A bagagem que sempre tive
Essa sou eu
Em cada dia mais, sou eu

Não te podes perder
Não te podes perder

Ouve esta voz a dizer

Sei que não te vais perder
Porque o teu caminho és tu

Passos cada vez mais verdadeiros
Mais compassados, espero que sejam certeiros
espero e acredito
porque quero ser assim

Em cada dia mais um dia
Mais um ponto no meu mapa
O mapa que faz de mim o que sou

terça-feira, 2 de junho de 2009

Como é que sabemos que um sonho está a ser realizado? Às vezes não sabemos. Vamos pé ante pé, com medo de cair, de tropeçar, vamos com vista em algo maior, não sabemos em quê, caminhamos, vamos, às vezes nem olhamos para trás. E quando é que lá chegamos? Nunca chegamos a entender...O facto é que no caminho, fácil ou difícil, é que está aquilo que queremos alcançar...O quê? Não sabemos. Como tudo em nós, uma incógnita. Somos humanos, erramos, mas vamos e se não paramos, isso é que é importante...Em cada caminho há rosas e há espinhos. Em cada futuro há luz e há sombra. No equilíbrio está aquilo por que tanto ansiamos. No equilíbrio está a felicidade. Não há o lá longe. Há só o agora que vivemos e que é também o amanhã. E o que nós somos é parte do caminho. Não do nosso, de outros. Pedras no sapato ou achados, assim nos comportamos, assim somos lembrados. Que o nosso caminho seja aquilo que desejamos. Que sejamos lembrados como pontes e não muros nos caminhos que se cruzam connosco. Sejam felizes...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Munique: cidade dos contos de fada


Munique: A cidade dos cheiros e dos sons. Onde me perdia vezes sem conta, em pensamento, sem pensar...Onde fui eu tantas vezes, onde quis ser diferente...Onde chorei e senti saudade, onde gritei de felicidade...Onde ainda hoje vou quando me quero lembrar.

Quando entrámos em Munique, à primeira luz da manhã, a visão de Marienplatz, majestosa e pintada, quase de fresco...Foi amor à primeira vista. Estávamos no único lugar no mundo onde deveríamos estar. Depois do metro, escuro e sem vida, foi um sopro de felicidade. Quando se sai do metro em Marienplatz, depois de horas intermináveis de viagem, é como se se renascesse. Nós não acabávamos de chegar, simplesmente fazíamos parte da pintura. O coração quase que para e quer explodir de emoção. É inexplicável.

E assim se entra na cidade que será a nossa vida.

Devagar, primeiro com medo, até sermos esmagados pela sensação de felicidade...

Por mais uns tempos, a realidade dura das malas pesadas, o encontrar das nossas casas nos próximos tempos, o descobrir de uma cidade que nos abraça e nos sufoca porque ainda não sabemos onde nos situar.

Por pouco tempo.

Vêm os dias e as noites. E o cheiro a nozes caramelizadas e a fruta com chocolate. E o som dos violinos e das vozes afinadas pela vida. E os homens estátua. E toda a gente que nos passa à frente e que nunca nos vai chegar a conhecer.

Munique enche-nos.

Deixa-nos cheios de pensamentos, de saudade, de sonhos. Enche-nos de amigos e de vontade de ficar...

Lá longe, está também um bocadinho de nós. E o coração aperta-se com a divisão que sente. Ora se sente frio, ora se sente quente...Está apertado, só...

Mas onde estamos agora, será que importa? Levamos sempre connosco aquilo que é importante, cá dentro. E o nosso lugar no mundo ainda não está definido, mas sabemos que o que importa é aquilo que somos. E isso nunca nos deixa.

A saudade fica. Dos lugares e das pessoas que conhecemos. Mas tudo valeu a pena e fez-nos crescer.

Eternamente com saudades de alguma coisa...Assim somos nós.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ela (conto)


Nunca foi fácil ser a filha Dela. De alguma maneira sabia que teria de viver com isso cada minuto da minha vida. Há coisas das quais podemos fugir, como carros amarelos, filhos antes dos 30 e cãezinhos pequenos e irritantes. Mas não se pode fugir a uma mãe. Não se a mãe for Ela.
Ao longo da minha existência sempre esteve lá Ela: Frases sem sentido, sensação de falhanço constante, angústia por não ser o que se esperava de mim…Ela…A minha mãe. Aquela que supostamente me devia apoiar em todos os momentos da minha vida esteve sempre lá: com palavras de desapontamento e de pena…Por eu não ser ela. Acho que era por isso…
Quando engravidei aos 25 não era porque queria ter um filho, mas também não foi por descuido. Na verdade, como já disse antes, ter filhos antes dos 30 é uma das coisas às quais se pode fugir. Eu só desejei ter um filho do Marco porque Ela não o suportava, como não suportava qualquer pessoa que fosse capaz de me amar como Ela não era, como não suportava o meu pai…Eu lembro-me…
E quando a minha filha nasceu o que eu gostava de ter feito era ter pegado nela e ter ido para bem longe, só com ela, sem o Marco porque na verdade nunca me pareceu o namorado ideal, só eu e ela. Longe de tudo. Longe Dela…
Quando eu nasci Ela já tinha 30 anos. Tinha uma carreira estável como professora universitária porque era muito boa no que fazia. Era implacável. Como seria ao longo de toda a sua vida. Eu nasci e não fui desejada por Ela. E por isso fui muito amada pelo meu pai, e até certo ponto, odiada por Ela.
A parte difícil da minha vida começou no dia em que o meu pai morreu. O meu pai era a melhor pessoa que eu conhecia. O meu pai acreditava na bondade das pessoas e, portanto, também acreditava na bondade Dela. Acho até que a amava, mesmo que ela lhe fizesse a vida negra. A mim ela não o fazia. Enquanto ele esteve ali para me defender Ela sabia que não podia mexer comigo. Porque no momento em que Ela mexesse comigo ele veria quem Ela realmente era. Eu era a princesinha dele e ele estaria sempre ali para me defender.
Mas no dia em que ele morreu, enquanto eu chorava desalmadamente, Ela mantinha uma calma gelada. Eu tinha 12 anos e andava na escola. Ela mandou-me subir para o quarto e disse-me que parasse já de chorar e que fosse estudar…Fiquei completamente à toa, fechei-me no quarto e continuei a chorar até ao dia seguinte, sem saber muito bem como é possível ser-se tão fria…
E a partir desse dia as coisas foram piorando para mim de dia para dia: Ela sempre foi um pouco estranha para mim e mal me falava, mas a partir desse momento as coisas foram ainda piores. Ela continuava a mal me falar mas quando falava era sempre para me deitar abaixo, para me fazer sentir mal, para me subjugar e isso doía muito mais…E durante alguns anos eu fui mesmo essa menina reprimida que Ela queria criar. Chorei com medo dela, por não ser o que Ela queria que eu fosse, por Ela ter vergonha de mim…Até que, com o tempo e a idade, me fui apercebendo da mulher amarga que Ela era, que sempre foi. Quando eu tinha 22 anos Ela começou a ter problemas nos ossos. Uma doença estranha que, de ano para ano, a ia debilitando. O seu corpo passou a estar fragilizado e passava a maior parte do tempo sentada. Mas Ela continuava a ser a mesma pessoa odiosa e ressentida que sempre fora. Dentro de mim não havia qualquer amor por Ela, como não o havia nela por mim. Éramos duas estranhas. Os laços de sangue não nos uniam. Éramos dois elos de uma cadeia há muito partida, o meu pai tinha sido a única coisa que alguma vez nos aproximou.
Nunca compreendi muito bem a razão do seu ódio por mim e com o tempo deixei de tentar perceber. Fiz o que pude para crescer com aquilo que me tinha calhado em sorte e sobrevivi. Dinheiro não me faltava e tentava compensar através dos amigos o amor que me faltava. Deixei de tentar ser perfeita. Na verdade, comecei a fazer tudo para não o ser.
Um dia disse-lhe que estava grávida do Marco e que ia sair de casa e ia viver com ele. Deu uma risada fria como um iceberg e disse-me que eu nunca conseguiria sobreviver sem Ela, que eu não sabia fazer nada, que não era nada sem Ela…Mas eu sabia que não era assim. Eu tinha algum dinheiro do meu pai, que não dava para muito tempo, mas depois ia arranjar um trabalho e ia-me virar sozinha…
E fui. E durante alguns meses acho que senti o que era a felicidade. Não pensei Nela nem em todos os anos em que fui infeliz por causa Dela, procurei um trabalho e aluguei um quarto e durante algum tempo consegui manter-me assim.
Quando eu estava grávida de seis meses despediram-me. Vi-me sozinha, sem um trabalho, sem ninguém a quem recorrer…Desesperei…Fui ter com Ela e pedi-lhe ajuda. Engoli o meu orgulho e pedi-lhe ajuda…E o que é que ela fez? Disse-me que nunca mais me queria naquela casa, que eu não pertencia ali, mas que queria ficar com a minha filha…Gritei com Ela, como é que Ela podia ser assim tão fria ao ponto de me separar da minha bebé, pensei em fugir para bem longe, mas na verdade, naquela condição, não ia arranjar trabalho e não podia deixar a minha filha viver sem condições…
Foi uma decisão muito difícil. Se soubesse o que sei hoje talvez não o tivesse feito. Ou talvez sim, não sei…mas essa decisão mudou a minha vida.
Saí de lá consternada. Grávida de seis meses e sem sítio para onde ir, Ela sabia qual teria de ser a minha decisão. Mas naquele momento eu não lhe podia dar o gosto da vitória.
Chorei até a minha cabeça estar vazia de pensamentos. E foi quando aceitei voltar e ficar até a bebé nascer.
Quase não a vi naqueles 3 meses. A Célia, uma empregada velha que sempre tinha cuidado de mim, vinha ver-me todos os dias e ver se eu estava bem. Quanto a Ela, já não se mexia muito bem e passava as horas no seu cadeirão, enfiada nos livros e na sua escrita e fazia de conta que eu não estava lá. Cá dentro, eu desejava que Ela pensasse melhor e me deixasse ficar depois de a minha filha nascer. Lá no fundo sabia que não seria assim. Mas tentei ignorar esse facto, tentei não pensar em nada. Durante esse tempo eu não existi simplesmente.
Depois a bebé nasceu. Ela mandou a Célia arrumar as minhas coisas e mandou-me embora com 100 contos no bolso assim que eu estava recuperada. Sabia que eu ia passar mal, mas mesmo assim mandou-me embora. E eu fui, com a segunda perda da minha vida por culpa dela.
Olhei para a minha bebé, tão linda num fato amarelo que já tinha sido meu. Desejei guardar aquela recordação para sempre.
No dia seguinte procurei trabalho. Não foi difícil porque sempre fui uma rapariga apresentável e também porque tinha estudos. Meti-me na primeira coisa que apareceu. Fui parar a um restaurante manhoso mas que me pagava as contas.
Tentei aproximar-me da minha filha e a princípio foi um pouco difícil porque Ela não me queria lá ver, achava que eu era uma má influência para a miúda. Não queria saber como eu estava e fazia questão de que eu só estivesse com a bebé na presença Dela. Era cruel até. Mas isso não importava, desde que eu a pudesse ver e lhe pudesse tocar…
E os anos foram passando. Eu conheci um homem fantástico que quis casar comigo e dar-me uma casa. Com ele eu era realmente feliz. Um dia ele pensou que gostaria de ter filhos meus mas cá dentro havia uma angústia que não passava: Eu queria a minha filha comigo, não queria outra criança a tomar o seu lugar… Ele compreendia a minha angústia mas era tão querido que merecia ser feliz também e eu assenti. A partir do dia em que Ela soube que eu estava grávida de novo, tinha a minha filha 8 anos, proibiu-me de voltar a casa.
Sofri ainda mais. Sofri vezes sem conta. Dias e horas e minutos. Sofri muito. E um dia ganhei coragem e voltei lá sem Ela saber e pedi à Célia para falar com a minha filha. Ela desceu e quando a vi pareceu-me ver nela um semblante conhecido, carregado, frio…E quando a vi soube que ela já não era a Minha filha. Era filha Dela. A filha que ela achava que eu não podia ser.
A minha filha tinha 13 anos e disse-me que não me queria voltar a ver, que eu a envergonhava e à avó e para deixar de aparecer naquela casa.
Ela disse aquilo de uma forma tão fria e insensível que me senti mesmo sem qualquer valor.
E um dia, do nada, apareceu um documento do meu pai, escrito em vida, a doar-me a casa. Esse documento estava em casa de um amigo de infância do meu pai, advogado, que sempre me procurou desde que eu fiz 18 anos. De todas as vezes que foi lá, nunca conseguiu falar comigo. Ela sempre o mandou embora. Depois de eu sair de casa, ela sempre lhe disse que não sabia de mim e ele nunca me conseguiu encontrar. Até que um dia, ao sair do trabalho, ele me apareceu e me disse que a casa era minha e que, se eu quisesse, podia despejar a minha mãe e ir morar para lá.
Aquilo caiu-me como uma bomba. Não sabia bem o que fazer.
Mas por todo o mal que ela me fez, decidi que me ia mudar para lá com o resto da minha família.
E mudámo-nos.
Ela quase não saía do seu escritório, só para ir para o quarto, e nunca falava com ninguém. A minha filha era uma seguidora à altura. Também não falava para ninguém e quando falava para mim era sempre para me fazer sentir mal.
A princípio custava mas fui aprendendo a viver com isso. O meu marido sempre tinha sido contra irmos para lá morar. Mas a casa era boa e dava para todos e já nos dava uma folga no orçamento não ter de pagar a renda.
O miúdo dava-se bem na casa e até gostava da irmã. Não que ela fosse simpática com ele, mas parecia não perceber a hostilidade nos olhos dela. Dizia-me algumas vezes que elas lhe pareciam infelizes. Tinha pena delas. A inocência de uma criança…
A partir daí, vivemos todos juntos, sem qualquer ligação, mas mantendo a devida distância. E a nossa vida foi assim. Não havia laços que nos prendessem porque as duas mulheres da minha vida, a minha mãe e a minha filha, decidiram que eu não servia para elas. Não falávamos, nem sequer nos víamos mas houve uma certa altura da minha vida em que decidi que, apesar de tudo, eu queria ser feliz.
E fui.
E não me importei com as pessoas que não me amaram e pensei naquilo que eu as amei e parece-me que por isso tinha o direito de ser feliz.
Sofri. Sofri muito. Mas decidi dar uma oportunidade à minha vida que agora se revelava. Havia pessoas que gostavam de mim. E essas pessoas mereciam que eu gostasse delas.

....continua...

domingo, 26 de abril de 2009

Hoje

Espera...

Deixa-me ficar mais um bocadinho
contigo...
Não me apetece estar sozinha.
Hoje não.
Hoje quando toda a gente se prende por nada,
Hoje quando as pessoas se deixam apanhar por ilusões...
Hoje, o dia antes do amanhã,
que ainda não chegou mas vem vindo,
devagar,
passo a passo,
que esperamos com apreensão e mas também
com carinho...

O Hoje pelo qual tanto esperamos,
quando o ontem ainda reinava,
quando parecia nunca mais querer passar...

E Hoje, será que somos felizes?
Será que Hoje sabemos o que vamos querer amanhã?

Vamos deixar-nos ficar
assim
mais um momento...

O amanhã vai chegar
devagar...

quando vier vamos estar preparados.

domingo, 29 de março de 2009


E às vezes até me esqueço...às vezes até me esqueço daquelas coisas que sempre me fizeram feliz...Tales of a Librarian. A Tory lembra-me que já tive vontade de nunca desistir. A voz dela, sussurrante, lembra-me que quero que a minha nunca se cale...Uma da manhã, talvez, e eu a cantar Winter...When you ganna make up your mind, when you´re gonna love you as much as I do...Talvez um dia.

Por agora só me quero lembrar da pessoa que sempre fui. Daquilo tudo que existe cá dentro, aquilo que não se vê quando se olha de fora...Aquilo que, no fundo, eu sou. O que eu sempre fui...

Não te esqueças...

Canta essa canção que tens na cabeça...Em todo o lado, como sempre...O silêncio costumava incomodar-te, deixa-o estar para quando for preciso, agora canta, deixa-te levar...Vai...

E sim. Volto à vida. Volto a acreditar naquilo que sou. E não me calo. Porque a minha voz tem asas e onde quer que ela vá leva-me também...

Pelos dias em que te lembras de tudo o que vales...

...Canta...

Porque ainda existe esta voz dentro de ti.

Escola Gonçalo Pereira

"A nossa escola é a primeira,
seu nome soa Gonçalo Pereira.
Dos nossos mestres, o seu saber,
nos dá valor, nos faz crescer

Vamos em frente com alegria
Cantar o hino da simpatia

Viva a Gonçalo Pereira
Viva o seu corpo docente
É na Gonçalo Pereira
Que aprendemos a ser gente

Real valor ela nos dá
Somos os homens do amanhã
Real valor ela nos dá somos os homens do amanhã..."

E os homens do amanhã são já os homens de hoje.
Se realmente somos aquilo que devíamos ser, não sei...
Nem sei se somos aquilo que pensávamos poder ser...
Não sei.
Porque as crianças que cantavam em coro esta canção, na escola primária, perderam-se. Cada um seguiu o seu caminho. Cresceram.
Acho que é normal que isso aconteça...

Nem sei porque é que não conseguia dormir com esta música na cabeça...Acho que foi uma espécie de regresso ao passado...Acho que até me fez pensar naquilo que sou hoje, se me orgulho do que sou, se sei que podia ser muito mais...Não sei...

O que eu sei é que, naquela altura, sinto que éramos realmente crianças. Éramos puros. Tínhamos amigos verdadeiros...

Pensar nisso dá-me até uma certa nostalgia. Até uma certa vontade de chorar...E mais uma vez não compreendo porquê. E aquilo que eu sei é que, depois destes anos todos, ainda não me compreendo...

Penso em mim no banco daquela escola primária, linda no meio da cidade, grande, tão grande, onde já fui uma fada esvoaçante...Penso em mim nessa altura e não sei se cresci para ser aquela pessoa que sempre sonhei...Não sei...Mas parece que nunca vou saber...Parece que nunca ninguém sabe...É uma das coisas bonitas que a vida tem...A eterna dúvida...E o futuro.

Porque estou agora a relembrar o meu passado. Um passado bonito com roupas de fada, medo do máscara de ferro, escondida debaixo da mesa, um passado com crianças de verdade com doçura e vontade de crescer, com desenhos animados como o Panda Tao tao ou o Mofli, um passado em que a fantasia tomava conta de nós...Lindo mesmo. Não vejo nada disto nas crianças de hoje, porquê?...

Mas apesar de estar a relembrar o passado, sei que é para o futuro que vou. E á lá que me vou encontrar. Porque as respostas que procuro, essas, estão sempre só dentro de mim...

Os homens do amanhã que fomos são já os homens de hoje. Amanhã virão outros homens. Que venham. E que façam o futuro melhor.