quinta-feira, 1 de maio de 2008

Eu tinha umas mãos que me deram
Deixava os laços galopantes tomarem conta de mim
Até que um dia me perguntei
Porque é que a vida me fazia assim

E afinal não era eu que criava
Apesar de tudo eu até não me dava
E estas mão só faziam diferença em mim

Ridicularizava todas as coisas que me eram estranhas
pensava que o tempo me traria as façanhas
que precisava para crescer

E então sabia que cada sonho só durava um dia
Porque instintivamente eu sabia
Que me faltava acreditar em mim

Acreditem, às vezes não é fácil ser quem somos
E acabamos por ser quem fazem de nós

Quando pensava em cada momento em que eu existia
Queria ser de repente diferente
Queria saber tomar conta de mim

E os laços breves que então me prendiam
Eram as horas que os outros não viam
As minhas horas de solidão

Se eu soubesse

Se eu quisesse as palavras acertavam-se quase sem querer
Se eu quisesse a cor dos meus dias seria garrida
Se eu pedisse o ar que está cá dentro
Serviria para me fazer voar
E eu não quero

Se eu sonhasse alguns sonhos profundos seriam projectos
Que sem pressas eu saberia sempre sonhar
Se eu pudesse arrancar
De dentro de mim esta fome
Mas não posso

Chamam-me frágil,
Chamam-me tonta
Aquilo que eu sei não me tiram

Se eu soubesse
Tudo o que havia para saber
Era Deus

Onde tu estavas construíram uma auto-estrada

Voaste
Deixaste-me andar e pousaste
E eu nunca cheguei a saber para onde foste
E a tua ausência abriu fendas em mim

Eu avancei
Sem saber bem para onde ia, cheguei
Ca dentro o vazio deixou-me tonta e eu deixei
E as tuas lágrimas fizeram-se ilhas em mim

Eu sei que o tempo não volta atrás
Onde tu estavas construíram uma auto-estrada
Ainda me custa pensar que me fazes falta
E que agora és nada

Bridge: E afinal, o que é que eu sei?
Se eu admitir que errei
Será que alguém me vai ouvir?

Disseste
Que os dias mudam e o que fica é a sombra
Que está cá sempre deslocada e redonda
Como uma peça desprendida de mim

Eu vi-te
Nos espaços todos em que te quiseste esconder
Apesar de tudo sempre quiseste ficar
Nesta memória enterrada no fundo de mim

Eu sei que o tempo não volta atrás
Onde tu estavas construíram uma auto-estrada
Ainda me custa pensar que me fazes falta
E agora és nada