Precisava de respirar. Abriu a janela e tentou farejar na linha do horizonte o lugar onde queria estar. Queria teletransportar-se para qualquer sítio no mundo onde pudesse sentir-se em casa. Era uma sensação interessante: a "inquietude" de não saber onde se deve estar, mas ter a certeza de que algures no mundo existe um lugar para nós.
Era assim que ele se sentia. Sentia-se sozinho; deslocado. Mas, mesmo assim, era feliz.
Com 32 anos, tinha aprendido que a única certeza que tinha era que só podia contar consigo próprio.
Não tinha família. Os pais tinham morrido quando ainda era uma criança. Foi viver com os avós mas a idade não perdoa e também os perdeu quando tinha 20 anos. E, desde essa altura, vivia sozinho. E não pensava na perda. Bem, talvez só de vez em quando, naqueles dias em que a saudade volta e as recordações e todos os bons momentos batem à porta da nossa cabeça. Mas, ao contrário do que possa parecer, ele não era alguém frio: a razão de não pensar muito na sua família era simples: na realidade, nunca tinha conhecido os pais. Era demasiado novo quando morreram. Era ainda um bebé. Talvez não pudesse dizer que os amava. A verdade "cruel" é que amamos apenas aquilo que conhecemos. É claro que amava os avós. Mas quando morreram, já com 80 anos, sabia que a morte é inevitável quando já se viveu tudo o que havia para viver. E conformou-se. Parece difícil de compreender. Mas para ele parecia apenas lógico. (...)
Uma palavra de todos os dias. Um gesto. Uma canção. Em cada dia uma cor. Em cada dia um pouco de nós.
sábado, 31 de julho de 2010
( Mais uma recordação. Há alguns anos atrás:))
Como se eu fosse transparente...
As vezes em que me viste
E disseste
"I like your style"
Sorria porque me parecia apropriado
Eras um ser distante, confuso...
Como um puzzle que eu queria resolver
E nada. Os teus olhos quentes
O frio da tua expressão
Das minhas mãos, da cerveja
Tudo roda.
Há Eu e Tu e nós não existe
A minha mente corre por ti
Mas não moras no meu coração
Como se eu fosse transparente...
As vezes em que me viste
E disseste
"I like your style"
Sorria porque me parecia apropriado
Eras um ser distante, confuso...
Como um puzzle que eu queria resolver
E nada. Os teus olhos quentes
O frio da tua expressão
Das minhas mãos, da cerveja
Tudo roda.
Há Eu e Tu e nós não existe
A minha mente corre por ti
Mas não moras no meu coração
(Talvez há uns dois anos atrás...Vou encontrando aqui e ali os tesouros do passado. E até dentro de mim:). ansiosa por que preparem o futuro)
Nunca nos damos completamente
A uma causa sem pensar
E eu não estou cansada, não,
Quase nada
Recomeçar...
O amanhã é sempre distante
Longo e errante como nós
Perdidos sem o destino
Sempre agarrados a outra voz
Que nos ensina
Que nos vai comendo lentamente
Então e nós o que somos?
Qualquer dia, quando pudermos
Abrir as palavras era bom ver
De que são feitos os sonhos
E porque nos fazem crescer
Não sei o que essa luz me deu
Só sei que essa luz sou eu
E o que eu sei
É tão pouco, posso ver
Que as certezas não existem
E o importante é viver
O que eu sei
É só aquilo que eu sou
Nunca nos damos completamente
A uma causa sem pensar
E eu não estou cansada, não,
Quase nada
Recomeçar...
O amanhã é sempre distante
Longo e errante como nós
Perdidos sem o destino
Sempre agarrados a outra voz
Que nos ensina
Que nos vai comendo lentamente
Então e nós o que somos?
Qualquer dia, quando pudermos
Abrir as palavras era bom ver
De que são feitos os sonhos
E porque nos fazem crescer
Não sei o que essa luz me deu
Só sei que essa luz sou eu
E o que eu sei
É tão pouco, posso ver
Que as certezas não existem
E o importante é viver
O que eu sei
É só aquilo que eu sou
quarta-feira, 28 de julho de 2010
ImensaMente (Num dia qualquer de 2007:))
Andava pela rua e perguntava-se qual era o propósito da chuva cair. E o tempo passava, enquanto andava, e nem via que era, também, o mundo que estava todo a cair; e o muro da casa, e a porta rachada...E enquanto andava não via que a estrada parecia ruir, e o caminho fugir. Sabia que não era um pássaro e não podia voar, por isso continuava a andar como se tudo dependesse de nunca parar.
E de repente, todas as coisas lhe gritavam. E as janelas fechadas eram mundos que não tinha pressa de conhecer. Respirava o fumo dos carros, inalava a vida que desejava alcançar. E as horas sucediam-se e o medo de (se) perder a latejar, de fraquejar, de ter de parar sem contar. E os olhos, quase fechados, semi-cerrados pela vontade de chorar. E, sem ter já força, continuava a andar e sabia que o sol ia acabar por se apagar e a rua ia ficar deserta e a vida ia acabar por se tornar incerta, como o caminho, e ia ter de reconhecer que, às vezes, é preciso parar para não morrer...
E de repente, todas as coisas lhe gritavam. E as janelas fechadas eram mundos que não tinha pressa de conhecer. Respirava o fumo dos carros, inalava a vida que desejava alcançar. E as horas sucediam-se e o medo de (se) perder a latejar, de fraquejar, de ter de parar sem contar. E os olhos, quase fechados, semi-cerrados pela vontade de chorar. E, sem ter já força, continuava a andar e sabia que o sol ia acabar por se apagar e a rua ia ficar deserta e a vida ia acabar por se tornar incerta, como o caminho, e ia ter de reconhecer que, às vezes, é preciso parar para não morrer...
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